Maternidade no exterior: os desafios de conviver com a saudade do Brasil

Falar português todos os dias, ler livros, ouvir músicas e fazer contato frequente com familiares. Esta é a rotina na casa da brasileira Renata Formoso, em Londres. A escritora, comunicadora, influenciadora e mãe não mede esforços para aproximar o filho Noah, de 7 anos, do Brasil. Apesar de ter nascido na Inglaterra, o pequeno leva o país verde e amarelo no coração e o português na ponta da língua.

Para que o filho pudesse se identificar com histórias como a dele, Renata buscou referências na literatura infantil. Ao encontrar poucos títulos, criou a personagem Nina, uma brasileirinha que também vive no exterior com a família. Ela protagoniza dois livros publicados pela autora: Eu também falo português e Nina vai ao Brasil, títulos que conquistaram famílias multiculturais em mais de 40 países.

As obras comunicam diretamente com pequenos imigrantes, nascidos fora ou nativos ao convidá-los a um passeio com Nina, pelo país de herança. Além de mostrar o que cada região tem de especial, a obra lembra as famílias expatriadas da importância de manter o contato com as próprias raízes.

Confira abaixo a entrevista da escritora sobre o lançamento Nina vai ao Brasil e os desafios de exercer a maternidade no exterior.

1. Renata, você iniciou a carreira como escritora em meio à pandemia. O que te motivou a começar a escrever livros infantis?

Renata Formoso: Eu sempre amei escrever. Quando meu filho tinha 2 anos, escrevi um livrinho pra ele e pensei: “poxa, isso poderia virar um livro bem bonito!” Mas só anos depois que eu tomei coragem de colocar minha escrita pro mundo.

A maior motivação para publicar meu primeiro livro foi a tristeza de não poder visitar a família por três anos, durante a pandemia, e ver meu filho cada vez mais longe das nossas raízes. Trazer meu livro para o mundo foi uma forma de reconectar Noah com o Brasil, com a nossa cultura, e com o nosso idioma.

2. Qual é a principal mensagem que o seu novo livro traz aos pequenos e grandes leitores?

R. F.: Nina vai ao Brasil tem como principal mensagem levar os pequenos e grandes leitores, que vivem no Brasil ou não, a uma viagem por todas as regiões brasileiras através da leitura. Os pequenos, muitas vezes, não têm noção da imensidão dos nossos país.

Das comidas diferentes, dos sotaques, das cores e sabores que existem fora da cidade ou estado em que vivem, ou costumam visitar. Nessa viagem, elas podem conhecer um pouco mais da diversidade cultural brasileira e se sentirem inspiradas a, quem sabe, “ver com os próprios olhos” um dia.

3. O que você acha que as crianças que têm conexão com o Brasil, mas moram fora, sentem mais falta daqui?

R. F.: Primeiro, as pessoas a quem sentem afeto. De todos os pequenos com quem venho conversando, muitos falam dos avós, dos primos, da madrinha… depois vem o calor, o carnaval, pastel e o queridinho açaí.

4. No livro, a personagem Nina visita dez cidades brasileiras, de Norte a Sul. Como se deu a escolha dessas cidades para a história?

R. F.: Não me sentia no direito de escolher entre tantas cidades lindas e históricas. Então, abri uma enquete entre os leitores de meu primeiro livro Eu também falo português, e recebi mais de 500 participações. As dez cidades mais “votadas” entraram para o livro.

5. Você tem mais projetos literários em mente, Renata? Se sim, pode adiantar alguma novidade para os leitores?

R. F.: Sim! Tenho um livro muito especial em fase de ilustração, que será publicado em 2023. Ele aborda um tema importantíssimo para nossas crianças e para o nosso planeta. A novidade é que teremos uma nova personagem dessa vez, e ela mora em uma cidade do Brasil que Nina não visitou ainda!